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domingo, 17 de maio de 2009

A LENDA DO DESTERRADO

Há alguém que tenha pecado muito e teme por sua eterna salvação, que atente para esta paradigmática lenda alemã, tão adequada para o seu caso.

Um pobre desterrado (por crime ou perseguição) retornava à pátria após quase 30 anos de ausência. O abandono e as carências de que padeceu haviam-no encanecido (ficado mais velho) e por isso mesmo tornado irreconhecível.
À entrada da pequena cidade natal, uma aldeia, topou com uns amigos de sua infância e adolescência e estendeu-lhes a mão para saudá-los. Mas eles recusaram o cumprimento, pois não o reconheceram.
O desterrado foi adiante e viu passar pela rua seu antigo chefe de serviço, com quem havia trabalhado na lavoura sob o mesmo sol, tinha morado e comido sob o mesmo teto. Chamou-o pelo nome, mas o outro também não o reconheceu, fitando-o de lado e com desprezo. O pobre desterrado sentiu mais ainda o peso dessa rejeição.
Caminhando pela rua que outrora lhe era tão familiar, a garotada que nasceu depois de seu desterro, o insultava sem clemência. Seus passos eram acompanhados com desconfiança pelos policiais, de quem ele se recordava de vários.
Procurando lembrar-se de pessoas de há 30 anos atrás, viu na sacada de uma bonita casa o seu irmão, sobrinhos e amigos. Gritou para ele, com afeição:
— Meu irmão, eu sou o Ludwig! Mas ele também não o reconheceu, e lhe virou as costas. Sua fisionomia cansada e seus andrajos eram vergonhosos.
Finalmente, humilhado e desanimado, chegou à casa paterna, que era a mesma, da qual guardava doces recordações. Uma velha senhora vestida de luto estava sentada junto à porta. Não havia dúvida, era a sua já idosa mãe, a observar o movimento da rua. Parecia estar à espera de uma visita. – Ao menos ela me reconhecerá – pensou o infeliz homem. – Ou será que vai tomar a mesma atitude que os outros?
Aproximou-se dela com receio de mais uma e derradeira decepção, após o qual tomaria outro rumo, não sabia para onde. Seria o fim de tudo, o desabar de uma vida. Mas uma ponta de confiança levou-o a dirigir-se àquela que nunca o decepcionou em afeto e ternura. A mulher fixou o olhar no forasteiro e o reconheceu de imediato. - Oh! Meu Deus, minha Nossa Senhora! É o meu filho, o Ludwig! Ele voltou! – exclamou enternecida. Mãe e filho se estreitaram num longo e saudoso abraço, nunca antes visto na velha aldeia.

Eis aí como procedem as mães afetuosas. E é assim como a Mãe de Jesus recebe os pobres pecadores renitentes que a Ela recorrem com confiança e humildade.

(G. Mortarino. J.C., "A palavra de Deus em exemplos" – Edições Paulinas, SP, 1961, pp. 287)

“O único lugar no mundo onde nós podemos ir, certos de não estarmos sobrando, é aos pés do Santíssimo Sacramento. Onde haja uma imagem de Nossa Senhora, ali seremos sempre bem recebidos, ainda que nos achemos os piores mulambos da terra”.

P.C.O.

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