A santidade consiste na perfeita união com Cristo. Ela é, pois, ao mesmo tempo, o fruto da graça de Deus e da livre resposta do homem. Para fazer do homem um santo, só é necessário a graça. Quem duvida disso não sabe o que é um santo nem o que é um homem, observa. Recorro a esta observação para apontar duas perspectivas de reflexão: no santo convergem a celebração de Deus (da graça divina, precisamente) e a celebração do homem, nas suas potencialidades e nos seus limites, nas suas aspirações e nas suas realizações.
De qualquer maneira, é importante compreender, antes de mais nada, que a santidade não significa realizar algo de extraordinário, longe do alcance do homem comum, mas sim fazer bem as coisas ordinárias; no trabalho, na escola, na família, no sacerdócio ou na vocação consagrada. Na sua essência, a santidade é uma realidade única que, no entanto, apresenta simultaneamente milhares de facetas. Entre os seus objetivos está o de atingir a perfeição da caridade, isto é, o grau superior de amor para com Deus e com o próximo. E isso exige que se cumpra, na vida pessoal, o projeto que Deus desenhou expressamente para cada homem, que não é um produto 'feito em série', mas antes uma obra de artesanato divino.
O Senhor, de fato, não criou e redimiu o homem com o fim genérico de o glorificar, sem mais especificações, deixando-o depois à mercê dos acontecimentos. Pelo contrário, preparou um projeto personalizado para cada pessoa. Esse plano não se apresenta todo de uma vez, mas manifesta-se gradualmente no dia a dia da existência. Para a sua realização, Deus quer contar com a nossa resposta livre e com a nossa iniciativa inteligente. O homem é, portanto, chamado a entrar em comunhão com Deus Pai sob a orientação do Espírito Santo, a viver plenamente a sua filiação divina, a identificar-se cada vez mais perfeitamente com Cristo, a tornar-se, enfim, não alter Christus (outro Cristo), mas ipse Christus (o próprio Cristo). E Cristo é o homem perfeito, porque é a própria santidade de Deus encarnada, feita no tempo e história.
Por isso, o sentido neste início de terceiro milênio é, sem dúvida, o mesmo de sempre. Temos de escutar a voz de Deus, que nos fala através dos santos, temos de viver como eles viveram e ser coerentes com as exigências do Evangelho; tornarmo-nos dóceis à inspiração do Senhor seguindo fielmente a vocação que Deus dá a cada um; vivendo-a, seja ela qual for, segundo um autêntico espírito cristão (pp.12-13).
Cardeal José Saraiva Martins
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