Infelizmente temos o mau hábito de acumular mágoas e ressentimentos.
Perdoar é uma atitude e não uma questão de sentimento. Muitas vezes ficamos presos aos sentimentos. Queremos sentir, ou melhor, queremos deixar de sentir a dor que ficou em nosso coração com a atitude que nos feriu. O perdão é antes de tudo um ato de decisão, uma escolha. Começa com a atitude que nasce da decisão de perdoar, e somente depois é que os sentimentos se modificam. E mesmo assim, para que isso aconteça, muitas vezes é necessário tempo. Monsenhor Jonas Abib nos fala assim: “Perdoar é ato de vontade e não um simples sentimento. Temos o livre-arbítrio de escolher entre perdoar ou guardar entulhos no coração. A decisão é nossa. Somente com o perdão conseguimos harmonia em nosso coração”.
Quando falamos em perdão, quase que imediatamente se faz uma ligação com a dificuldade que encontramos para dar ou receber perdão. Infelizmente temos o mau hábito de, ao longo de nossa vida, ir acumulando mágoas e ressentimentos. Em geral, temos facilidade de nos ofender com as atitudes que não compreendemos do outro. No entanto, a falta de perdão, a mágoa, o ressentimento, só trazem prejuízos para nós e para o outro, prejuízos inclusive em nossa saúde física e mental. A falta de perdão causa amargura em nosso coração, tira a alegria de viver.
Hoje, quero trazer para nossa reflexão pesquisas para que possamos refletir sobre outro aspecto do perdão que pouco é falado, que são os benefícios que podemos alcançar através dessa atitude.
Em 2004, Charlotte Van Oyen Witvliet, professora de psicologia do Hope College, em Michigan, EUA, liderou uma experiência com 71 voluntários. A experiência constava do pedido que os voluntários se lembrassem de alguma ferida antiga, algo que os tivesse feito sofrer. Nesse instante, foi registrado o aumento da pressão sanguínea, dos batimentos cardíacos e da tensão muscular, reações idênticas às que ocorrem quando as pessoas sentem raiva. Depois foi pedido que eles se imaginassem entendendo e perdoando as pessoas que haviam feito mal a eles. O resultado foi que as pessoas se mostraram mais calmas, e com a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos menores.
Outra experiência que podemos citar é a do Dr. Fred Luskin, que em 1999 criou um projeto para a Universidade de Stanford (EUA) para uma pesquisa sobre o perdão. A pesquisa estudou o impacto das emoções negativas, como a raiva, a mágoa e o ressentimento no sistema cardíaco. Os primeiros resultados indicaram que, ao conceder e pedir perdão, os participantes apresentavam redução do nível de estresse, viam-se menos irados e mais confiantes. Além disso, o estudo mostrou que o perdão pode promover uma melhora na saúde física, pois esse grupo de pessoas apresentou uma diminuição significante em sintomas como dores no peito, na coluna, náuseas, dores de cabeça, insônia e perda de apetite.
Luskin e Thoresen afirmaram que essa melhora psicológica e física persistiu pelo menos por quatro meses; em alguns casos, ao longo desses quatro meses, a melhora continuou a progredir.
Podemos concluir, portanto, que não podemos parar na dificuldade em perdoar. Essa é uma cultura que existe entre nós e que precisamos mudar. Precisamos ensinar aos nossos filhos que perdoar, além de ser uma ordem divina para nós, traz inúmeros benefícios para a nossa saúde física e mental. Se aprendermos a perdoar podemos alcançar com mais facilidade equilíbrio em nossa saúde geral. Só não podemos nos esquecer de que o perdão não está relacionado com a mudança do outro ou com o deixar que o outro faça o que quiser, pois não quer dizer impunidade.
Perdoar é um processo pelo qual o novo se faz possível na nossa vida e na vida do outro. Perdão está relacionado à vida, à vida plena; está relacionado ao amor, e amor verdadeiro. Perdoar é amar apesar de tudo, é a vitória do amor sobre o ódio. É por isso que perdoar é fonte de cura e de saúde física e mental. Abramos o nosso coração e nossa alma para o perdão. O convite de hoje é para nos decidirmos pela vida, pelo amor, pelo perdão.
(Manuela)
Melopsicologia@cancaonova.com
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